Quando o assunto são atores que pularam para trás das câmeras e assumiram a cadeira de diretor de produções, quais os nomes que pensamos rapidamente? Bem, um dos primeiros atualmente sem dúvidas é Ben Affleck, que acaba de lançar o elogiadíssimo ‘Air: A História por Trás do Logo’ e que tem no currículo apenas bons filmes como diretor, incluindo o vencedor do Oscar ‘Argo’ (2012). Muitos até ousam dizer que Affleck é melhor diretor do que ator, ou ao menos que melhorou muito sua atuação após se tornar diretor também. Ok. Outro que chega rápido a nossas mentes é o veterano polêmico Mel Gibson que, apesar de andar meio sumido ultimamente dos holofotes, tem obras ousadas e muito badaladas em sua filmografia, vide ‘Coração Valente’, ‘A Paixão de Cristo’, ‘Apocalypto’ e ‘Até o Último Homem’.
Este ano, podemos citar a entrada de Michael B. Jordan para este seleto time de “ameaças duplas”. Um dos jovens atores mais talentosos de sua geração, Jordan deu o passo além em 2023, e debutou como realizador em ‘Creed III’, a terceira parte de uma franquia que conhece como ninguém, e contou com o apoio do “padrinho” Ryan Coogler, que serviu como roteirista e produtor no terceiro. No entanto, outros astros de Hollywood já se aventuraram atrás das câmeras no comando de produções sem que grande parte dos fãs saibam. Isso porque seus filmes ou não deram muito certo, ou tinham uma proposta mais intimista. Confira abaixo os atores-diretores que quase ninguém tem ideia.
Um dos brucutus mais queridos de Hollywood, o astro Vin Diesel se tornou uma verdadeira potência na atualidade, graças ao seu domínio na franquia ‘Velozes e Furiosos’, uma série de filmes bilionários da Universal Pictures, que chega este ano ao seu décimo capítulo. Diesel é também a voz do alienígena Groot na franquia Guardiões da Galáxia, da Disney/ Marvel, e tem sua própria cota de blockbusters como as franquias Triplo X e Riddick. O que pouquíssimos sabem, porém, é que o astro careca também já dirigiu um filme. Isso foi em 1997, antes de se tornar um rosto conhecido do grande público. Trata-se do drama policial Instinto Assassino (Strays), no qual também assina o roteiro e protagoniza. Para o filme, Diesel tirou muitas de suas experiências pessoais, quando trabalhava como segurança de boates – que é o serviço de seu personagem no longa, um sujeito que precisa superar as más companhias dos amigos.
No topo do mundo novamente graças à franquia ‘John Wick’, que esse ano apresentou o quarto e maior sucesso até agora, Keanu Reeves é uma das figuras mais queridas de Hollywood, na estrada desde a década de 1980. Nesse percurso são muitos filmes adorados pelos fãs, desde ‘Bill & Ted’, passando por ‘Velocidade Máxima’ e ‘Matrix’. Além de ser motoqueiro e ter sua própria banda de rock, Reeves também é um dos atores desta lista que já arriscou no comando de uma produção cinematográfica. E isso ocorreu antes de estrear o primeiro filme da franquia ‘John Wick’ em 2014. Mais precisamente no ano anterior, em 2013, que foi quando ‘O Homem do Tai Chi’ era lançado – completando 10 anos em 2023. A ideia de Reeves aqui era presentear com um filme seu querido amigo e professor de artes marciais Tiger Hu Chen. Reeves faz de Chen seu protagonista e pega para si o papel do vilão, num filme que é quase uma refilmagem de ‘O Grande Dragão Branco’ (1988), botando o foco na luta Tai Chi.
Chris Evans, nosso eterno Steve ‘Capitão América’ Rogers da Marvel, foi recentemente a voz de Buzz na animação da Disney, ‘Lightyear’. Evans também tem investido em grandes produções voltadas ao streaming e lançou recentemente ‘Agente Oculto’ para a Netflix. O ator acabou de estrear a comédia de ação ‘Ghosted: Sem Resposta’ para a Apple+, na qual atua ao lado de Ana de Armas. Enquanto não vemos a volta do ator ao MCU – com muitos afirmando que ainda o veremos retornar ao seu papel mais marcante -, falaremos de sua primeira e única (até o momento) investida como diretor em um filme. Para isso, precisamos voltar 9 anos no passado, para 2014, quando Evans protagonizou, produziu e dirigiu ‘Antes do Adeus’, sensível drama romântico que mostra um homem (Evans) e uma mulher (Alice Eve) se conhecendo e se conectando de forma única numa madrugada na estação de trem de Nova York. O filme tem vibes de Richard Linklater e deveria ser visto por mais pessoas.
Por falar em ‘Agente Oculto’, Ryan Gosling estreou em uma produção da Netflix justamente neste blockbuster de ação dos irmãos Russo, onde viveu o mocinho e Chris Evans foi o vilão. O filme se tornou um sucesso e muito bem pode render uma sequência. Antes disso, porém, Gosling poderá ser visto em outra superprodução, esta de teor bem diferente. Trata-se da comédia ‘Barbie’, estrelada por Margot Robbie, na qual a diretora Greta Gerwig promete tirar leite de pedra da mitologia da boneca mais perfeita de todos os tempos.
Gosling, que sempre foi um ator mais “alternativo”, vindo da cena “indie”, até que tem investido bastante em grandes produções – com projetos vindouros como a adaptação do seriado 80’s ‘Duro na Queda’, um filme do Lobisomem, e um novo ‘Onze Homens e um Segredo’ com a mesma Margot Robbie. Porém, em sua estreia atrás das câmeras, Gosling resolveu apostar num projeto mais estranho e de “arte”. ‘Rio Perdido’ (Lost River, 2014), também escrito pelo ator, traz Saoirse Ronan, Matt Smith, Christina Hendricks e a esposa de Gosling, Eva Mendes, no elenco – ecoando bastante suas parcerias com Nicolas Winding Refn (‘Drive’ e ‘Apenas Deus Perdoa’).
Nenhum ator gosta de ficar preso a um tipo. Para um artista, o mais enriquecedor é a constante mudança e a evolução. Para os atores, o maior desafio é se reinventar e entregar algo que ninguém espera dele. É o chamado “atuar contra o tipo”. Por exemplo, se um ator tem cara de bonzinho, seu desafio será fazer um vilão de primeira. E por aí vai. Para muitos que possuem o biotipo de galã, como Johnny Depp, o desafio era criar personagens cada vez mais estranhos, que escondessem seus traços físicos. E podemos dizer que Depp fez escola em cima disso. Figura non grata atualmente em Hollywood, graças ao casamento e o divórcio mais do que problemático com a atriz Amber Heard, Johnny Depp já foi um dos atores mais queridos do mundo.
Dono de inúmeros sucessos em seu currículo como intérprete, Johnny Depp foi mais um que aproveitou essa popularidade, para estender seus tentáculos para trás das câmeras. Como não podia deixar de ser, a estreia de Depp na direção foi em um projeto estranho e muito bizarro. Com roteiro e direção de Depp, e trilha sonora de Iggy Pop, ‘O Bravo’ traz o ator vivendo um nativo-americano com problemas financeiros, que aceita participar de um filme ‘Snuff’, uma produção que retrata assassinatos reais e só existem no submundo por serem ilegais. O mais curioso de tudo é que Depp conseguiu alistar para o projeto seu colega e ídolo Marlon Brando, considerado um dos maiores atores de todos os tempos. Depp e Brando se conheceram enquanto filmavam Don Juan DeMarco (1994) e criaram um forte laço de amizade.
Finalizando a lista dos atores que muitos não sabiam que eram também diretores, temos o homem, a lenda, o mito, o imortal Nicolas Cage. O astro vencedor do Oscar conseguiu dar a volta por cima em sua carreira e tem estrelado projetos que o tem colocado novamente nos holofotes, rendendo entrevistas nos maiores veículos e um acesso aos tapetes vermelhos. Há quanto tempo Cage não tinha tal prazer? Depois de ‘O Peso do Talento’, a nova investida do astro é ‘Renfield’, que acaba de ser lançado e o traz no papel de um Drácula, digamos, impagável.
Cage tem muita experiência como ator, tendo iniciado sua carreira na década de 1980. Apesar de ser essa verdadeira força da natureza, Nicolas Cage só se aventurou atrás das câmeras como diretor uma única vez, o que é uma pena. De qualquer forma, esta sua jornada rendeu o filme ‘Sonny, O Amante’, de 2002 – mesmo ano em que recebia sua segunda indicação ao Oscar pelo papel duplo em ‘Adaptação’. Cage, que também produz o longa, ecoa vibrações de David Lynch, com uma trama pra lá de maluca em que o protagonista vivido por James Franco, um soldado veterano da guerra voltando para a casa em Nova Orleans, se vê as voltas com um bordel de propriedade de sua mãe – que insiste que ele volte a trabalhar como gigolô para ela. Típico Cage.
